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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Deus teria boas razões para permitir o mal?

Quais Boas Razões seriam essas? Mesmo tendo Boas Razões, isso não contradiria com sua Onibenevolência?

De fato não sabemos quais são essas Boas Razões, mas aquele que o defende, poderá objetar o Paradoxo dizendo simplesmente que Deus é Onibenevolente, dizendo isso, estaria sendo evidente que Deus teriam sim, Boas Razões, ou melhor, Deus sempre teria Boas Razões, para permitir o Mal. Dizendo isso, o teísta iria, ILUSORIAMENTE, dizer que estaria refutado o Paradoxo de Epicuro – mais comumente chamado de, O Problema do Mal.

Pode ser encontrado no blog, um outro artigo em que indago sobre a mesma questão (O Problema do Mal) e no artigo, utilizei de um vídeo do teólogo William Lane Craig, para minha indagação.

No artigo de hoje, utilizarei de um vídeo do mesmo teólogo, para fazer poder argumentar e mostrar que o Paradoxo de Epicuro/Problema do Mal de fato, não foi Refutado e mostrar que ao afirmar que Deus teria Boas razões para a Permissão do Mal, estaria em si, contradizendo com sua essência.

Vamos ao vídeo onde W.L. Craig tenta esclarecer esse ponto:


Nos primeiros 0:20 segundos do vídeo, podemos encontrar a questão que nos levará a resposta de Craig.

O entrevistador pergunta: “Se Deus é totalmente Bom, Onipotente e Onisciente, porque ele permite que coisas ruins aconteçam a pessoas boas?”

Vejo que a questão poderia ser mais direta e não direcionada a um certo grupo (pessoas boas)

Perguntaria: “Se Deus é totalmente Bom, Onipotente e Onisciente, porque ele permite que o Mal exista?”

Craig, logo ataca, dizendo que não é explícita a contradição entre, existir Deus, um Ser Onibenevolente com a existência do Mal, defendida por um ateu. Se o ateu, diz que a contradição nisso, que o mesmo deve explicitá-la, pois não há contradição aqui.

Craig, parece ter um argumento em que prova que não há contradição nisso. Qual argumento ele usa?

Deus tem razões moralmente suficiente para permitir o mal e o sofrimento no mundo.

Dito isso, Craig parece estar convencido que refutou o Paradoxo de Epicuro/Problema do Mal.

Em seguida o entrevistador, questiona o ponto que acredito ser crucial para afirmar que o Paradoxo não foi refutado.

Vejamos aos 2:00 min a pergunta do entrevistador:

“Eu acredito que as razões para existir sofrimento e dor são óbvias, são inevitáveis. Se existe um Deus amoroso, como você as explicaria? Porque Deus precisa permitir que haja desconforto, sofrimento e dor?”

Não é um costume meu, procuro ao menos entender os argumentos e analisá-los, mas tem dias em que acordo um pouco bem humorado e tenho que descontrair um pouco.

Veja a cara que o W.L. Craig fez aos 2:02min, me rendeu algumas risadas, para ser sincero. Me pareceu estar desconfortado.

Mas voltando ao que interessa.

O que Craig responde ao tentar sustentar sua afirmação em que não há contradição na existência do mal e um Ser Infinito em Bondade?

Ele tenta nos dizer que na verdade não há uma razão para Deus permitir o Mal e sim várias.

Mas, Craig, o que me importa a quantidade de razões?

Ele também tenta justificar apelando para o Livre-arbítrio.

Para podermos entender a questão, devemos então, voltar alguns pontos.

Em Deus, podemos encontrar a Infinita potência, infinita ciência e infinita Bondade – tem outras características, mas o que interessa são essas.

Deus tem poder em relação a tudo, tanto que não gere entre si contradição. Deus teria também, ciência de tudo, e também uma infinita Bondade.

Sabemos que, a existência do Mal está presente e se Deus é todos esses atributos, diria então, que Deus, teria capacidade (Onipotente), ciência do Mal e também iria querer que ele (Mal, Sofrimento) não existisse em razão de sua Onibenevolência.

Um problema já seria a ideia do Mal, que provavelmente já estaria no escopo da Onisciência de Deus, estando no escopo de sua Onisciência, então Deus já mostraria que não é, de fato, Onibenevolente.

Mas, Craig, sustenta que Deus nos deu Livre-arbítrio para sermos livres e por consequência disso, podermos escolher ou não praticar o Mal.

Mas acredito não ser suficiente para justificar, que não existe contradição na existência do mal com a Onibenevolência de Deus.

Recordando o Paradoxo de Epicuro, ele nos diz ou tenta mostrar, que pelo menos um dos atributos, Deus não possui.

Se Deus tem capacidade, ciência do que seria o Mal e Bondade o suficiente, então seguiria logicamente na então inexistência do Mal.

Mas poderiam vir me objetar, dizendo que sendo assim não seríamos Livres, teríamos apenas o Bem como escolha.

Ok. Mas se o teísta assegura que existe o Livre-arbítrio, então ele tem de afirmar que Deus não possui a Infinita Bondade, pois sendo assim, não iria existir o Mal.

Mas se o teísta assegura que Deus é Onibenevolente, então ele teria de afirmar que o Livre-arbítrio só seria aceito para a escolha livre do Bem.

Mas como sabemos que temos por escolha tanto o Bem quanto o Mal, então aparente não ter em Deus, a Infinita Benevolência.

Mas vamos dizer que sim, vamos dizer que Deus tem sim, a Infinita Benevolência. Sendo assim, o que aparenta com a existência do Mal, é que Deus não possui alguma outra características. Vejamos:

Se ele é Onibenevolente, Onisciente mas não Onipotente, então ele teria ciência do Mal, iria querer somente o Bem, mas que não teria capacidade para concretizar sua Vontade, ou seja, existir somente o Bem, por isso estaria justificado a existência do Mal.

Se ele é Onibenevolente e Onipotente mas não, Onisciente, então seguiria que ele iria querer somente o Bem e teria capacidade para isso, mas que não teria ciência do que esta acontecendo, sendo assim, não saberia da existência do Mal, ou seja não saberia onde ele estaria.

Sendo assim, seria descartado de Deus algum de seus atributos, por simples questão lógica e que por consequência, o descaracterizando. Pois se Deus não apresenta infinita qualidade em algum valor, Deus não seria o Deus defendido pelos teístas.

A existência do mal, do sofrimento, do desconforto estaria diretamente implicando na inexistência de Deus ou na inexistência de algum atributo dEle.

Pelos atributos que caracterizam sua essência, temos a Onipotência, onisciência, onipresença e Onibenevolência.

Deus teria então, capacidade, conhecimento e bondade o suficiente para que o Bem seja vivido.

Poderão me objetar que se assim fosse, Deus não seria bom em relação ao livre-arbítrio. Pois se somente o Bem fosse praticado, nós, sua criação, seríamos parecidos com Robôs Programados e sendo assim não seríamos livres de fato e então, Deus não seria Bom ao nos programar para somente o Bem.

Mas esta objeção não tem muita força, pois é refutada logicamente se formos analisar a sua essência.

Poderão me objetar também, “argumentando” que Deus teria Boas Razões para permitir a existência do Mal.

Para Deus permitir a existência de algo, ele teria que logicamente ter ciência do que está sendo permitido e no que isso implicaria. Pela sua Onisciência podemos considerar que Ele está ciente desta permissão.

Ao permitir então a existência do Mal, Deus estaria se contradizendo, ou seja, estaria contradizendo com sua Onibenevolência. Pois sendo Onibenevolente – desejar, pensar, permitir somente o bem – nada justificaria a permissão dada a existência do Mal.

Sendo assim, está LOGICAMENTE caracterizado que Deus não seja Onibenevolente ou um de seus atributos.

Vejamos:

Deus poderá ser capacitado o suficiente (onipotente) e tendo conhecimento do Mal, mas que não seria Bondoso para impedir a existência do Mal, sendo então um Ser Malévolo.

Deus poderá ser então capacitado o suficiente e bondoso, mas não teria conhecimento do Mal, então Deus não seria Onisciente.

Se é da natureza de Deus a herança do Livre-arbítrio, então Deus não é Onibenevolente, pois se assim o fosse, teríamos livre-arbítrio para somente escolher o Bem, mas como sabemos da existência do Mal, então, Onibenevolente Ele não é.

Outra objeção que se pode fazer em relação a permissão do Mal, é no tanto que isso é malévolo e suas “Boas” razões para permitir isso, de nada diminuem sua malevolência.

Hoje, na África, se luta para que seja erradicado da “justiça do povo” o Estupro Corretivo.

O exemplo parece ser doloroso, eu mesmo não me sinto bem ao utilizá-lo, mas é necessário.

Como o próprio nome nos pode mostrar. Existem em si, dois valores: O Mal e o Bem.

O Mal seria o Estupro, enquanto o Corretivo é o Bem

Diante a isso, teríamos Boas Razões para dizer que a “correção” estaria justificando o Estupro?

O que diria a vítima do “Estupro Corretivo”?

Agradeceria à Deus por permitir a “Correção”?

Visto isso, o Paradoxo de Epicuro – mais conhecido como O Problema do Mal – continua sem uma refutação.

Por: Thiago Carvalho
Veja mais em:
http://sociedaderacionalista.org

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