segunda-feira, 31 de outubro de 2011
FILME: HABEMUS PAPAM (2011) – NANNI MORETTI
Não sou entendido na sétima arte, mas sei que existem filmes bons e filmes ruins, filmes apenas para vender e filmes artísticos. Quando falo artístico, falo de filmes com intuito de promover a arte, com reflexão, beleza e algo mais; durante esta maratona atrás de filmes com algo mais, caí nesta trama realmente inusitada. Todos sabemos o que acontece após a morte do Papa, os cardeais/candidatos se reúnem e votam no sucessor, depois de escolhido, aquela fumacinha sai da “chaminé” e o mundo todo fica de olho no novo líder religioso, que ouso dizer, carrega uma responsabilidade ainda maior que ser o Presidente dos Estados Unidos, sim, o Papa.
O filme traz como personagem principal o cardial Melville, que acaba sendo eleito para carregar tal fardo, então todos se dirigem à sacada, para apresentá-lo ao mundo e serem contemplados por um discurso divinamente inspirado… É neste momento que o novo Papa, antes mesmo de chegar à visão do público, espera em uma cadeira e grita: “Eu não posso!”. Felizmente apenas os cardeais escutam tal lamúria e o novo Papa tem um ataque de pânico sem precedentes… E o público espera… Espera…
O que fazer nesta situação? Não há regras para serem seguidas, isso nunca aconteceu com nenhum outro candidato a Papa, o mundo todo espera em stand by pelo pronunciamento do novo líder. Este é o enredo, um homem comum, com seus medos, incertezas e fraquezas que definitivamente não aceita a responsabilidade de guiar todo mundo.
Confesso que cheguei à este filme por um anúncio que prometia ser um filme ateísta. Definitivamente vemos muito do ateísmo dentro da obra, mas nem de longe podemos classificar tal obra como uma obra ateísta, é uma obra humanista acima de tudo, tem o homem como estudo, independente de suas crenças ou descrenças.
Paralelamente, para tratar do novo Papa, que certamente precisa ser tratado urgentemente para fazer seu discurso, é contratado pelo vaticano, um psicanalista para ajeitar rapidamente a cabeça do santo homem. Nanni Moretti, diretor do filme, que ganhou a Palma de Ouro por “O quarto filho” em 2001 e causou alvoroço quando interpretou um jovem padre em “A missa acabou” de 1985, é quem interpreta o tal psicanalista; detalhe, este psicanalista, após entrar no vaticano, só pode sair depois que o Papa fizer seu discurso, afinal, não podem deixar a informação de quem é o novo líder religioso vazar, e acaba tendo que conviver com dezenas de cardiais, dormir, conversar, almoçar, e para quebrar o tédio, jogar um carteado e preparar alguma gincana para entreter a todos… Embora interprete um psicanalista cético e ateu, está a trabalho, e como o único livro que deixam ele usar é a bíblia, realmente tira água de pedra para fazer seu serviço.
Independente de haver um ateu dentro do vaticano, tentando resolver um problema gigantesco e precisando levar o novo líder religioso ao mundo, quem brilha realmente é Melville, o Papa em crise, interpretado por Michel Piccoli, já ganhador do prêmio de melhor ator em Cannes por “Salto nel Vuoto”, ele tem a capacidade de nos emociona apenas com um olhar.
O filme não se trata de religião, nem é uma afronta à mesma, como poderiam esperar do diretor Moretti, mas humaniza tais profissionais e dá a eles uma leveza e mostra ao público o quão pesado podem ser este oficio. Imagine lidar com os sonhos e esperanças da humanidade, é isso que o Papa faz, ele consola, serve de guia e é um homem, alguém que tem um passado e seus dramas particulares. Para o início do filme foram permitidas cenas do enterro do João Paulo II. Confesso que foi um filme que me surpreendeu, obviamente é uma comédia dramática, levando o ceticismo e humanismo para dentro dos portões do Vaticano. Muitos homens entram em crise e procuram por ajudas “divinas”, mas o que acontece quando um “santo homem” entra em crise? Pois é… Aí, se Deus não ajuda, só resta o bom senso do ceticismo e psicanálise.
Por: Fabrício Alves.
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domingo, 30 de outubro de 2011
sábado, 29 de outubro de 2011
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
^ + ! + . = ?
Depois de anos de adoração, Jesus Cristo e toda sua família foram deserdados por um partido brasileiro. Muitos sabem que para ser um bom político é necessário, além de grande desvio de caráter, quer dizer, de verba, ser perito em matemáticas filosóficas, matemáticas anedóticas e outras matemáticas divinas… E foi assim que o Partido da Santa Copulação (PSC), percebeu que sem copulação não há família. Pois é, o sexo e a sacanagem falam mais alto que alianças afetivas, contrastando com a grande fama cristã que o partido tem. Então, transforma-se o amor em apenas mais uma das matemáticas que, adicionado às boas doses de açúcar, rezas e sexo sem camisinha, abre passagem para uma verdadeira formação familiar brasileira.
De acordo com professores altamente capacitados, formados por universidades cristãs, opa, falei altamente capacitados? Voltemos ao assunto… De acordo com tais professores, a matemática mais adequada para seguirmos com nossas vidas sem o perigo de gostarmos ou aceitarmos elementos duvidosos em nossas famílias, porque somos incompetentes para escolhermos nossos laços e certamente já está na hora de uma cartilha, é a seguinte continha:
Homem + Mulher + Amor = Família.
Na verdade, até hoje, apenas letras isoladas tinham a capacidade de participar de fórmulas matemáticas, vide X e Y, entre outras que variam, mas o dicionário, sentindo-se excluído em uma sociedade que lê cada vez menos, percebeu que em contrapartida da falta de cultura, se gastava muito mais com preocupações capitalistas e os números e contas eram aqueles que faziam parte do dia do cidadão brasileiro. Desta forma, algumas palavras resolveram saltar e foram parar em tais fórmulas, afinal, se as letras não podem vencer a matemática, pelo menos juntaram-se à elas.
Mas, tal continha simpática, no início, traz um pequeno problema: seu resultado não é matemático, mas um resultado em forma de palavra, o que deixa espaço para especulações sobre a veracidade do acerto ou, até mesmo, se a fórmula está bem construída… Logicamente, tendo em base tudo que já sabemos sobre os avanços sexuais, poderíamos afirmar que o resultado da estranha fórmula não é Família, mas Hermafrodita, afinal, Homem + Mulher, se misturássemos em um tubo de ensaio, como podemos comprovar em outras misturas de fórmulas, daria realmente um ser com estes dois aspectos. Neste caso, a palavra Amor está lá como um mimo, algo para cativar, é como uma receita de bolo, você mistura uma coisa, mais outra, acrescenta amor, e sai uma comida deliciosa. Assim, ao misturar o sexo masculino com um feminino, sairia um hermafrodita igualmente amoroso.
Este texto tem apenas o intuito de ajudar alunos despreparados que possam encontrar tal fórmula, que vem camuflada como pegadinha, nas diversas provas: ENEM, Vestibulares e Concursos Públicos.
Como sabemos, tal fórmula não foi construída para obter um resultado tão matemático quanto o que propus, foi construída para obter um resultado filosófico, e sabemos que uma filosofia deve divagar sobre aquilo que não se sabe, mas quando sabemos, a filosofia precisa se adequar a ela ou mostrar um resultado que mostre que sempre estivemos errados, o que não é o caso. Tal fórmula é realmente antiga no inconsciente do ser humano, porque sabemos que o Amor não quer dizer nada na constituição familiar. Podemos tanto amar quanto odiar nossos mais queridos chegados. Seria mais coerente dizer que “Homem + Mulher + Amor & ódio = Família”, sim, seria quase certo afirmar isso… O problema é que as famílias são muito mais que uma fórmula matemática. Há quem seja adotado e não conheça seus pais biológicos, e como um dos artifícios em defesa da família é essa bandeira desenfreada pelo sexo sem camisinha (algo que não considero nada cristão) chamado procriação, filhos adotivos estariam abandonados. Pais solteiros, mães solteiras, viúvos, crianças que são criadas pelos avôs, casais do mesmo sexo, gente independente rodeada de amigos, sejam reais ou virtuais, até mesmo um ermitão no topo da montanha mais alta que contenta-se com gelo ou árvore, dependendo do clima, que certamente considera o meio ambiente sua família. Marujos que vivem no mar com seus companheiros de trabalho. Solitários com seus animais de estimação ou plantas… Vizinhos que ainda confraternizam, até de forma exagerada, mas que não deixam de ser algum tipo doido de família. Acho que limitar a família apenas ao fator “Homem + Mulher”, além de demonstrar certa burrice matemática, algo que nem uma calculadora saberia fazer, acaba por desbancar uma das figuras históricas mais seguidas de todos os tempos: Jesus Cristo.
Pois é, todos sabemos que aquela santa mulher tinha engravidado do espírito-santo e, também, que espírito-santo nem sexo tem, que uma eterna virgindade de Maria só poderia significar ou que José não dava no couro, ou que o amor (mais categoricamente o sexo) não tinha aparecido na fórmula, logo, não são família. Vejam o exemplo:
Espirito-Santo + Maria + José = Jesus.
Primeiro que nesta equação temos uma mulher que não perde sua virgindade, o que é estranho, mas tudo bem, finjamos que alguém fez uma cesariana… Maria não fez um doce amor nem com o Espirito-Santo, nem com José e muito menos com Deus (seria heresia)… José no máximo assiste ao Ménage à Trois entre Maria + Espirito + Santo porque já sabemos que não botou um milimetro de seu membro naquela confusão. Por último e menos importante a sexualidade do Espírito-Santo não pode ser tida nem como Homem e nem como Mulher. Todos estão eliminados da equação, temos então a seguinte fórmula numérica:
0 + 0 + 0 = Jesus.
Caso ainda insistam em usar palavras para tais matemáticas, uma ideia boa seria:
Coisa + Algo + Isso ou Não = Família ou Não
Foi neste grande impasse que, se alguém ainda deseja uma fórmula para dizer o que é ou não família, acho que o melhor seria tirarmos as palavras, que mostraram-se inúteis como números, e cotarmos a possibilidade de pontuações que ainda não foram testadas:
^ + ! + . = ?
Espero que tenham gostado da aula e lembrem-se: Se tal fórmula cair em qualquer prova, prefiram NDA ou TDA
Texto de Fabricio Alves
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De acordo com professores altamente capacitados, formados por universidades cristãs, opa, falei altamente capacitados? Voltemos ao assunto… De acordo com tais professores, a matemática mais adequada para seguirmos com nossas vidas sem o perigo de gostarmos ou aceitarmos elementos duvidosos em nossas famílias, porque somos incompetentes para escolhermos nossos laços e certamente já está na hora de uma cartilha, é a seguinte continha:
Homem + Mulher + Amor = Família.
Na verdade, até hoje, apenas letras isoladas tinham a capacidade de participar de fórmulas matemáticas, vide X e Y, entre outras que variam, mas o dicionário, sentindo-se excluído em uma sociedade que lê cada vez menos, percebeu que em contrapartida da falta de cultura, se gastava muito mais com preocupações capitalistas e os números e contas eram aqueles que faziam parte do dia do cidadão brasileiro. Desta forma, algumas palavras resolveram saltar e foram parar em tais fórmulas, afinal, se as letras não podem vencer a matemática, pelo menos juntaram-se à elas.
Mas, tal continha simpática, no início, traz um pequeno problema: seu resultado não é matemático, mas um resultado em forma de palavra, o que deixa espaço para especulações sobre a veracidade do acerto ou, até mesmo, se a fórmula está bem construída… Logicamente, tendo em base tudo que já sabemos sobre os avanços sexuais, poderíamos afirmar que o resultado da estranha fórmula não é Família, mas Hermafrodita, afinal, Homem + Mulher, se misturássemos em um tubo de ensaio, como podemos comprovar em outras misturas de fórmulas, daria realmente um ser com estes dois aspectos. Neste caso, a palavra Amor está lá como um mimo, algo para cativar, é como uma receita de bolo, você mistura uma coisa, mais outra, acrescenta amor, e sai uma comida deliciosa. Assim, ao misturar o sexo masculino com um feminino, sairia um hermafrodita igualmente amoroso.
Este texto tem apenas o intuito de ajudar alunos despreparados que possam encontrar tal fórmula, que vem camuflada como pegadinha, nas diversas provas: ENEM, Vestibulares e Concursos Públicos.
Como sabemos, tal fórmula não foi construída para obter um resultado tão matemático quanto o que propus, foi construída para obter um resultado filosófico, e sabemos que uma filosofia deve divagar sobre aquilo que não se sabe, mas quando sabemos, a filosofia precisa se adequar a ela ou mostrar um resultado que mostre que sempre estivemos errados, o que não é o caso. Tal fórmula é realmente antiga no inconsciente do ser humano, porque sabemos que o Amor não quer dizer nada na constituição familiar. Podemos tanto amar quanto odiar nossos mais queridos chegados. Seria mais coerente dizer que “Homem + Mulher + Amor & ódio = Família”, sim, seria quase certo afirmar isso… O problema é que as famílias são muito mais que uma fórmula matemática. Há quem seja adotado e não conheça seus pais biológicos, e como um dos artifícios em defesa da família é essa bandeira desenfreada pelo sexo sem camisinha (algo que não considero nada cristão) chamado procriação, filhos adotivos estariam abandonados. Pais solteiros, mães solteiras, viúvos, crianças que são criadas pelos avôs, casais do mesmo sexo, gente independente rodeada de amigos, sejam reais ou virtuais, até mesmo um ermitão no topo da montanha mais alta que contenta-se com gelo ou árvore, dependendo do clima, que certamente considera o meio ambiente sua família. Marujos que vivem no mar com seus companheiros de trabalho. Solitários com seus animais de estimação ou plantas… Vizinhos que ainda confraternizam, até de forma exagerada, mas que não deixam de ser algum tipo doido de família. Acho que limitar a família apenas ao fator “Homem + Mulher”, além de demonstrar certa burrice matemática, algo que nem uma calculadora saberia fazer, acaba por desbancar uma das figuras históricas mais seguidas de todos os tempos: Jesus Cristo.
Pois é, todos sabemos que aquela santa mulher tinha engravidado do espírito-santo e, também, que espírito-santo nem sexo tem, que uma eterna virgindade de Maria só poderia significar ou que José não dava no couro, ou que o amor (mais categoricamente o sexo) não tinha aparecido na fórmula, logo, não são família. Vejam o exemplo:
Espirito-Santo + Maria + José = Jesus.
Primeiro que nesta equação temos uma mulher que não perde sua virgindade, o que é estranho, mas tudo bem, finjamos que alguém fez uma cesariana… Maria não fez um doce amor nem com o Espirito-Santo, nem com José e muito menos com Deus (seria heresia)… José no máximo assiste ao Ménage à Trois entre Maria + Espirito + Santo porque já sabemos que não botou um milimetro de seu membro naquela confusão. Por último e menos importante a sexualidade do Espírito-Santo não pode ser tida nem como Homem e nem como Mulher. Todos estão eliminados da equação, temos então a seguinte fórmula numérica:
0 + 0 + 0 = Jesus.
Caso ainda insistam em usar palavras para tais matemáticas, uma ideia boa seria:
Coisa + Algo + Isso ou Não = Família ou Não
Foi neste grande impasse que, se alguém ainda deseja uma fórmula para dizer o que é ou não família, acho que o melhor seria tirarmos as palavras, que mostraram-se inúteis como números, e cotarmos a possibilidade de pontuações que ainda não foram testadas:
^ + ! + . = ?
Espero que tenham gostado da aula e lembrem-se: Se tal fórmula cair em qualquer prova, prefiram NDA ou TDA
Texto de Fabricio Alves
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Não sou humilde. Já vou dizendo para que nenhum leitor tente deduzir o que o texto não mostra (como sempre aparece). Mas vamos ao conceito do nosso querido Aurélio, o homem de todas as palavras, sobre o que é humildade: “Ausência completa de orgulho. Rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito: praticar a humildade.” Mas o conceito que acho mais interessante para o nosso texto de hoje é o que está na enciclopédia digital Wikipédia (aquela que os estudantes usam para fazer seus trabalhos escolares), confiram: “Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas.
A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade, honestidade e passividade.” O mais legal é ver que já tem leitores concordando com a acepção de que humildade é quase que um sinônimo de respeito. Não é. A Wikipédia (não desprestigiem essa fonte de “pesquisa”, porque ela é melhor do que a Barsa) diz que ser humilde é ser passivo. Não acredito que gostemos de ser passivos. Por exemplo: alguém emite uma opinião que você considere estúpida, e você diz o quanto é babaca a ideia exposta, e a pessoa que falou besteira se sente ofendido e o chama de prepotente, que não sabe respeitar. Mas para bancar o humilde, o que é o certo a fazer é não entrar em conflito e simplesmente se calar, ser passivo. Devemos ficar calado para não ferir o ego do outro, porque o outro é sensível demais para suportar uma opinião contrária à sua. Que tipo de mundo é esse?
Outro problema muito grave que as pessoas que não são humildes enfrentam é a ignorância da maioria. Dentro de uma conversa de amigos, se você puxa um assunto mais rebuscado, pronto você já está bancando o boçal-sabe-tudo que quer ser melhor do que todo mundo. Existe hoje uma sensibilidade muito aguçada nas pessoas, elas querem que tudo seja da forma como elas acham que deve ser, e o que se mostra adverso a essa vontade recebe sempre rótulos pejorativos. Diga para alguém que ela está errada e que o que ela está falando é besteira, você vai ver uma reação quase que violenta da pessoa “ofendida”. A regra agora é ser ignorante, ser legal hoje é ser burro. Quem mostra um pouquinho do que sabe é boçal. É uma ditadura. Ninguém pode falar nada, que é o prepotente egocêntrico que acha que saber tudo. As coisas funcionam assim: a pessoa que passa anos estudando, lendo, se dedicando para alcançar um desenvolvimento intelectual acima da média, tem que “descer” para ficar no nível de outra pessoa que não lê, não se aprofunda em nada para que essa segunda pessoa não se sinta ofendida com a inteligência alheia. Para que outro não seja ofendido temos que nos calar e só dizer o que ela quer ouvir, só falar as coisas de sempre e reproduzir uma opinião banal. Se você for do contrário, é prepotente e insuportável, uma pessoa intragável para se conviver. Claro que todo ponto de vista deve ser respeitado. Sou muito a favor do que o filósofo francês Voltaire disse: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-lo”. Devemos ser tolerantes com opiniões distintas das nossas, o que não devemos ser é passivo e não contradizer e discordar com aquilo que não concordamos. Não devemos ser infantis e achar que um conflito de ideias é um conflito pessoal. Não devemos personalizar uma discussão. Onde duas ideias estão brigando, as pessoas não se metem.
Você, amigo leitor desse rapaz que acha que saber alguma coisa, não fique baixando a cabeça para ninguém, não fique calado diante de uma idiotice, discorde, discuta, entre em conflito (ideológico, que se esclareça, por favor). Não fique bancando o humilde, gentil, apenas para não machucar um ego sensível demais. Temos que aprender que não é sendo educadamente fingidos que vamos ser de fato humildes. Humildade não é se humilhar, não é baixar a cabeça. Não esqueça a frase machadiana: “Crê em ti, mas nem sempre duvides da capacidade dos outros”. Isso que é humildade, não desacreditar na pontecialidade dos outros.
Texto: Ricardo Silva
Veja mais: http://sociedaderacionalista.org
A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade, honestidade e passividade.” O mais legal é ver que já tem leitores concordando com a acepção de que humildade é quase que um sinônimo de respeito. Não é. A Wikipédia (não desprestigiem essa fonte de “pesquisa”, porque ela é melhor do que a Barsa) diz que ser humilde é ser passivo. Não acredito que gostemos de ser passivos. Por exemplo: alguém emite uma opinião que você considere estúpida, e você diz o quanto é babaca a ideia exposta, e a pessoa que falou besteira se sente ofendido e o chama de prepotente, que não sabe respeitar. Mas para bancar o humilde, o que é o certo a fazer é não entrar em conflito e simplesmente se calar, ser passivo. Devemos ficar calado para não ferir o ego do outro, porque o outro é sensível demais para suportar uma opinião contrária à sua. Que tipo de mundo é esse?
Outro problema muito grave que as pessoas que não são humildes enfrentam é a ignorância da maioria. Dentro de uma conversa de amigos, se você puxa um assunto mais rebuscado, pronto você já está bancando o boçal-sabe-tudo que quer ser melhor do que todo mundo. Existe hoje uma sensibilidade muito aguçada nas pessoas, elas querem que tudo seja da forma como elas acham que deve ser, e o que se mostra adverso a essa vontade recebe sempre rótulos pejorativos. Diga para alguém que ela está errada e que o que ela está falando é besteira, você vai ver uma reação quase que violenta da pessoa “ofendida”. A regra agora é ser ignorante, ser legal hoje é ser burro. Quem mostra um pouquinho do que sabe é boçal. É uma ditadura. Ninguém pode falar nada, que é o prepotente egocêntrico que acha que saber tudo. As coisas funcionam assim: a pessoa que passa anos estudando, lendo, se dedicando para alcançar um desenvolvimento intelectual acima da média, tem que “descer” para ficar no nível de outra pessoa que não lê, não se aprofunda em nada para que essa segunda pessoa não se sinta ofendida com a inteligência alheia. Para que outro não seja ofendido temos que nos calar e só dizer o que ela quer ouvir, só falar as coisas de sempre e reproduzir uma opinião banal. Se você for do contrário, é prepotente e insuportável, uma pessoa intragável para se conviver. Claro que todo ponto de vista deve ser respeitado. Sou muito a favor do que o filósofo francês Voltaire disse: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-lo”. Devemos ser tolerantes com opiniões distintas das nossas, o que não devemos ser é passivo e não contradizer e discordar com aquilo que não concordamos. Não devemos ser infantis e achar que um conflito de ideias é um conflito pessoal. Não devemos personalizar uma discussão. Onde duas ideias estão brigando, as pessoas não se metem.
Você, amigo leitor desse rapaz que acha que saber alguma coisa, não fique baixando a cabeça para ninguém, não fique calado diante de uma idiotice, discorde, discuta, entre em conflito (ideológico, que se esclareça, por favor). Não fique bancando o humilde, gentil, apenas para não machucar um ego sensível demais. Temos que aprender que não é sendo educadamente fingidos que vamos ser de fato humildes. Humildade não é se humilhar, não é baixar a cabeça. Não esqueça a frase machadiana: “Crê em ti, mas nem sempre duvides da capacidade dos outros”. Isso que é humildade, não desacreditar na pontecialidade dos outros.
Texto: Ricardo Silva
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011
JESUS & ELVIS – CAPÍTULO I: O MÁRTIR
As coisas estavam um tanto acaloradas em Marte. Lá dentro, onde ninguém poderia supor vida, Jesus andava de braços cruzados e indignado:
- Ainda não consigo crer no que me transformaram lá na Terra. Estive lá há anos e só agora vocês me avisam que virei um mártir! Isso não está certo… Não mesmo!
Elvis não era de prestar muito atenção nas palavras de Jesus; por diversas vezes entraram em discussões ideológicas e sempre acabavam nos jornais. Elvis, sempre educado, defendia o direito dos seres humanos levarem suas vidas privados de saber que não estavam sozinhos no Universo; Jesus, aquele traquina, era rebelde e queria porque queria invadir a Planeta Terra, não só para falar que estava vivo, mas para ocupar aquela área e fazer de todos seus escravos.
- Olha, não vou discutir por isso. Temos preocupações absurdas pra resolvermos e com certeza saber que você é um mártir não mudará em nada nossa vida aqui. Escute! Temos uma boa casa, a melhor coisa que nos aconteceu foi sermos abduzidos. Agora, este é nosso povo.
Jesus ainda mantinha uma certa careta no rosto, balançou a cabeça em negativa, tentou fingir que não se preocupava mais com Marte, até perceber o que tinha que fazer:
- Então temos que desfazer este engano, ao menos para não viverem de ilusão… Imagine quantas coisas eles fazem levando meu nome! Isso não está certo, não está mesmo…
- Jesus, somos de partidos diferentes: você governa Marte de Baixo e eu Marte de Cima, levamos séculos até nos considerarem Marcianos legítimos, muita gente precisou morrer. Lembra? Pois é, então esqueça os humanos, eles estão condenados mesmo. Lembra das estatísticas para aquele meteoro? Pois é, daqui alguns dias ele estará se chocando com a Terra e tudo virará pó… E se Deus quiser, até tua lembrança será apagada.
Elvis que andara malhando, recuperara há muito o físico de quando jovem famoso na Terra, tinha um aspecto de senhor maduro, bom partido; abandonara o topete e só mantinha seu requebrado para nunca se esquecer de quem fora. Era homem centrado, pensava antes de fazer. O que já não acontecia com Jesus.
Tudo começara quando Jesus, caído em sua cama de colchão de fungos vermelhos, recebeu uma correspondência cantada do grupo “No Ouvido”. Abriu as persiana, debruçou-se na janela. À sua frente, haviam 3 Marcianos baixos e gordos, um misto de chilenos com índios, cantando:
“Oh Querido Jesus… Louvemos teu nome, aqui és nosso Prefeito, mas na Terra já és mártir”
Não deu outra: bateu a janela na cara dos Marcianos e jogou-se pensativo na cama. Só depois de meia hora viu que devia ter esperado para escutar quem mandara tal mensagem. O que era aquilo? Lembrava tão pouco de sua vida insignificante na Terra que nem ao menos parara para pensar no que sua imagem tinha virado. Trouxe pequenas memórias à cabeça, via claramente a multidão indo embora e ele pregado naquela cruz horrível. Depois relembrou a sensação de estar morto, nenhum vestígio de inteligencia, ausência total de pensamentos até, finalmente, sentir o corpo sendo eletrocutado e se ver deitado dentro de uma caverna. Em sua frente, estavam dois homens grandes e vermelhos, ou melhor: extremamente corados. Soubera depois que eram marcianos. Aqueles marcianos o tiraram de lá e o levaram ao espaço.
Jesus voltou de seu flashback dentro do flashback e se viu ao lado de Elvis. Baixou a cabeça e resmungou:
- Fui morto, é isso! Antes da tecnologia alienígena me reviver, eu estava morto! Tenho que acabar com aquela palhaçada de mártir, tenho que voltar pra Terra antes que o meteoro a destrua.
Cont…
Fabricio Martines Alves
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terça-feira, 25 de outubro de 2011
FILME + LIVRO: FAHRENHEIT 451 – RAY BRADBURY (PARTE I)
Imaginem um mundo sem livros. Um mundo onde os seres humanos precisam apenas trabalhar e se divertir. Pois é, esta Distopia prenunciada em “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury não parece nada diferente daquilo que vivemos nos dias de hoje.
“Fahrenheit451” fala de um futuro desconhecido, onde ler se tornou crime, a mídia e o esporte são estimulados para que não exista tempo livre para reflexão e leitura, o pensar não é bem vindo. Homens e mulheres não refletem sobre a história, apenas guardam suas datas de acontecimentos, muitas, adulteradas, e são especialistas em números, em trabalhos imediatos, apertar botões e serem felizes. Para muitos, pode não parecer grande coisa, mas, nesta Distopia, o prazer é palavra de ordem. Fica até estranho ir contra este mundo, porque todos querem ser felizes, mas Ray Bradbury, com muita maestria consegue separar felicidade de realidade.
Em um mundo de prazer obrigatório, existe uma consequência, os seres humanos não pensam e não se lembram; o verdadeiro aprendizado só é possível através da reflexão e da busca pelo conhecimento que, inevitavelmente, só é possível através do registro de ideias e da história, guardados em livros. Decorar ou aprender a calcular quantias enormes não é nada, diante da capacidade de raciocinar, reter informações, fazer ligações, compreender, saber o mundo e conhecê-lo.
O que levaria o mundo à esta distopia? A humanidade se levou à isso, não existiu uma grande mente diabólica arquitetando um ataque. A humanidade se tornou preguiçosa e sem paciência para com as minorias. Quando um escritor, destes, que conhecemos tão bem, escrevia sobre o que acontecia, mesmo que em forma de ficção, eis que um grupo não gostava daquilo que lia. Então, negros se sentiam ofendidos pelos escritores brancos, brancos se sentiam incomodados pelas causas dos negros, homossexuais pelos héteros e vice-versa… Pensemos sobre nossas opiniões, sempre há um livro que não gostamos, que nos incomoda. Agora, imagine um mundo que não queira ninguém incomodado, logo, todos os livros são banidos. Mas há o problema da preguiça, em um mundo que pede que você seja feliz e se divirta, o pensamento crítico é desestimulado, ninguém tem mais tempo para pensar; ou estão trabalhando por trabalhar, ou estão se divertindo, ou estão trabalhando para se divertirem, até que, aos poucos, os livros são transformados em pequenos resumos, depois são transformados em filmes, programas de rádio, e o ser humano não precisa mais gastar seu tempo e inteligência diante do papel, a atenção começa a se dispersar, depois os programas são reduzidos para resumos… E os resumos de papel são transformados em verbetes em dicionários sobre livros. Para que qualquer um saiba que existiram tais obras, e aos poucos, para não se preocuparem mais com lembretes, verbetes e resumos, os livros são finalmente eliminados. Qualquer um que for visto com um livro em mãos será preso ou assassinado, os livros devem ser queimados. Gente que lê é gente que pensa, gente que pensa é gente que reflete, gente que reflete é gente inconformada, e ninguém quer gente infeliz zanzando por aí ou tentando mudar o mundo, mudanças são cansativas e só trazem infelicidade.
Que coisa linda. Então, aí está a maneira de acabar com a infelicidade. Qual a consequência? Seres humanos apáticos, sem sentimento, robotizados. Uma sociedade que não questiona seus superiores, fáceis de manipular; uma vida é tirada, ninguém se importa, contanto que a rotina não seja quebrada.
***
Fabricio Martines Alves
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domingo, 23 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
SOCIEDADE RACIONALISTA E O ENSINO DE LATIM
Quando a Sociedade Racionalista surgiu, nosso propósito foi estabelecido: espalhar conhecimento. Não somos detentores de nenhuma verdade, muito menos de verdades absolutas. O conhecimento é a constante busca pela verdade, mesmo sabendo se tratar de uma busca dolorosa: a dor é inerente à busca. A verdade não tem nenhum compromisso com a alegria.
Espalhar conhecimento é um pouco mais que soprá-lo ao vento, é construir nossos projeto permitindo que cada um coloque seu tijolinho. Neste momento, a SR tem pouco mais de dois meses de idade e uma equipe que me deixa muito mais que feliz: me deixa certa de que estamos construindo sobre bons alicerces. Os resultados têm mostrado isso. Os feedbacks do público são muitíssimo favoráveis e só tenho a agradecer.
Ao iniciar esta projeto (que é o primeiro que vai ao ar entre muitos que vem por aí) preciso dizer que nossa grande vontade é que você se sinta parte dessa família. O site é projetado por muitas mãos, com muitas idéias, muitas responsabilidades e muito carinho. Antes de cada texto que você lê, muitos processos “invisíveis” são feitos. São pessoas com formações diferentes, de locais diferentes, com pensamentos diferentes sobre os mesmos assuntos: a pluralidade que deu muito certo.
Enquanto lançamos o sub-site de ensino de latim, paira a questão: o que levou a Sociedade Racionalista a lançar esse projeto?
“O Latim, língua dos romanos e relicário do pensamento de Roma e de sua brilhante civilização, pertence à grande família das línguas indo-européias. Cumpre, porém, notar que essa língua polida dos vigorosos escritores do período áureo da literatura latina não saiu já, assim, burilada do primitivo indo-europeu. Fruto amadurecido de uma prolongada elaboração, representa o momento de seu maior esplendor. Este momento, pois, no decurso de sua alongada história, fôra precedido de vários estágios perfeitamente demarcados, e a ele se seguiram outros estágios subseqüentes, que iriam culminar na formação das línguas românicas hodiernas, as quais nada mais são do que o próprio Latim tranformado através do tempo e do espaço.” (FARIA 1970:11)
O ensino de latim veio sendo “dominado” pela religião nos últimos séculos, de forma que os que hoje sabem a língua, ainda sofrem os traços suas expressões dogmáticas. Os tradutores de latim são pouquíssimos no Brasil (em geral formados em cursos de Letras Clássicas), ao contrário de países como a Alemanha, onde o ensino da língua integra o currículo escolar. Aprender latim nos ensina a absorver melhor o nosso próprio idioma: é muito mais fácil captar a etimologia e estruturação das palavras. Também é amplamente utilizado na ciência e no direito, vale lembrar.
Nosso propósito é claro: Agregar conhecimento. Espalhá-lo, ao invés de deixá-lo na mão de poucos e sobre os moldes do dogmatismo, como tem sido feito por alguns séculos pela ICAR. Foi uma opção tanto da Sociedade Racionalista em expôr a proposta quanto do público que imediatamente a aceitou.
Se você não se encaixa neste projeto, saiba que estamos lançando dois outros:
- Sociedade Racionalista para crianças: a ciência de forma fácil e lúdica, para crianças de 4 a 12 anos.
- Ciência em vídeos: Vídeos sobre temas complexos da ciência de forma acessível: facinho de entender.
Ademais, fica aqui o nosso sincero agradecimento por aceitar fazer parte desta família.
–
Att,
Lisiane Pohlmann
Presidente da Sociedade Racionalista
20 de outubro de 2011.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
domingo, 16 de outubro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
DISCUSSÕES SOBRE O MÉTODO CIENTÍFICO (PARTE 4)
No dia 22 de setembro, a comunidade da Física foi balançada pela divulgação de um experimento conduzido pelo CERN (Centro europeu de pesquisas nucleares) que haviam realizado medidas de neutrinos que seriam mais rapidos que a luz.
Segundo a teoria da relatividade restrita (proposta por Albert Einstein em 1905), nada pode viajar mais rápido do que a luz, deste modo, se esses neutrinos realmente existirem uma nova teoria teria que ser feita, essa teoria precisaria explicar esses neutrinos e, ao mesmo tempo, explicar os fenomenos atualmente previstos pela relatividade. Mas isso não significa falar que a Relatividade Restrita seria jogada fora, ela apenas iria se transformar num caso especial da nova teoria, esse mesmo processo ocorreu com a lei de Gravitação proposta por Newton, que se transformou num caso especifico da teoria da Relatividade Geral (também proposta por Einstein).
Sem duvida, essa é uma notícia empolgante para todos aqueles que gostam de física, mas temos que ter cuidado. O fato de um grupo ter publicado esse estudo, não quer dizer que ele esteja certo, outros grupos já publicaram resultados parecidos no passado mas que depois foram descartados pois haviam alguns erros nas analises dos resultados, agora mesmo já existem pessoas trabalhando para mostrar que o experimento está errado (uma dessas críticas pode ser encontrada aqui, o texto está em inglês e exige um certo conhecimento matemático para o total entendimento, mas de qualquer maneira vale a pena a leitura).
E o que tudo isso tem a ver com o Método Cientifico? Muito simples, se esse resultado for confirmado, uma teoria de mais de 100 anos terá sido falseada. Lembrem-se que a falseabilidade é um dos elementos mais importantes numa teoria cientifica. Einstein reconhecia o fato de que apenas um experimento era capaz de provar que ele estava errado.
Texto: Diego Lakatos
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011
UMA PERSPECTIVA SOBRE O MAL
O que é o Mal? Porque o Mal? De onde vêm o Mal? Qual a finalidade do Mal? Porque não o é erradicado?
Alguns encaram o Mal como apenas uma questão de ótica, pois o mal não existe para aquele que o prática. Mas, será o mal um mero conceito individual?
O que temos são dois tipos de Mal, aquele que se entende por Mal Moral e o outro, Mal Natural.
Desdenho da visão no exemplo acima, de que o Mal seria apenas na visão de um agente externo, pois mesmo que para o praticante o mal seja visto de forma prazerosa (algo que lhe traga o bem), isso não se justifica, pois penso que o bem e o mal exigem descrições restritas.
O Bem e sua prática, sempre deverá ser amparada pelo bem, isto é, ser amparada pela justiça, pelo amor ou outra virtude e isso estaria vedado a qualquer interferência do Mal. Nâo encaro benévolo o resultado interferido em algum momento por algum ato malévolo.
No entanto vejo o mal como sendo a injustiça, o rancor, vicio, e mesmo que se chega a um resultado malévolo interferido por ações benévolas, isso não deixa de ser malévolo e penso que ações benévolas amparada pelas virtudes, dificilcimente se concretizará em algo malévolo.
Exemplos disso pode decorrer da ação humana, isto é, alguém agir de forma desonesta, imoral com o proposito de um resultado que o agrade ou que seja pelo prazer de um grupo de pessoas. Isso não vejo como uma ação benévola.
Um outro tipo de malevolência, são as catastrofes naturais. Que finalidade tem as castratofes naturais? Diante de miriades de mortos, as larvas de um vulcão reesfriam, o que pode ocorrer por eemplo, uma ilha ou num habitat de outras especies. Mais porque isso ocorre? Porque é em cima de mortos que outros podem chegar a vida? O que justifica esta ação? Mas, porque tais ações da Natureza precisa de uma explicação? A natureza é como é. Destrôe para construir, não que seja uma regra, pois a natureza não aparenta ter um regedor ou se tiver, não demonstra ter amor, mas a natureza não desfruta de concepções humanas. Teve de haver miriades de ações catastróficas para que possamos estar aqui. A Natureza se torna isenta, pois é cega, incognitiva. A Natureza é livre. Livre de ser malévola. Livre de ser benévola. Isto porque não se mostra criação de um agente externo.
Mas há como erradicar o mal? Estaria o mal enraizado na natureza humana? O homem está livre do mal? Alguns chegam a entender que é inviavel a ausência do mal, mas porque inviavel? Porque o Mal tem de existir?
É levantada tal discução não por algum motivo emocional, algum desafeto ocorrido (talvez sim, mas não somente e não principalmente) é levantado pois é sábido da existência em nossa cultura deuses e seus atributos. No entanto, no cristianismo uma das maiores religiões do mundo, seu deus recebe atributos máximos, sendo ele Unipotência, Uniciência, Unibenevolência e que o mesmo tenha sido o criador de tudo, o que se entende pela criação do universo e de nós.
Nâo irei me aprofundar, pois já indaguei sobre essa questão em outro post. Que pode ser conferido aqui O PROBLEMA DO MAL
O que quero mostrar é que mesmo sabendo da existência do Mal, isto seria compátivel com a existência deste deus em especial, sendo o mesmo Unipotente, Uniciente e Unibenevolente? Sendo ele o criador de tudo o que denota na responsabilidade de catastrofes naturais, isto porque sempre teve o conhecimento de tais. Como pode este ser existir?
Texto de Thiago Carvalho
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Prêmio Nobel de física 2011
O prêmio Nobel de Física de 2011 foi para o trio norte-american Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt e Adam G. Riess, pela descoberta da aceleração da expansão do Universo.
Usando medidas obtidas a partir de supernovas distantes o trio conseguiu provar que a expansão do Universo está acelerando.
Pouco depois da publicação da teoria da Relatividade Geral de Einstein foram descobertas soluções para as equações que mostravam que o universo não era estatico e sim que ele podia se expandir, Einstein não acreditava num universo que não fosse estatico, e por isso “corrigiu” as suas equações com um novo termo chamado “constante cosmologica” (mais tarde Einstein diria que esse foi o maior erro da sua vida).
Mas em 1928 um jovem astronomo chamado Edwin Hubble (que daria nome ao famoso telescopio espacial) descobriu que as galaxias estão se afastando uma das outras, o que derrubou a constante cosmologica de Einstein, segundo a lei de Hubble as galáxias se afastam uma das outras a uma taxa constante.
Observações mais recentes confirmaram a expansão do Universo, mas trouxeram um dado inédito (e foi esse dado que rendeu o nobel ao trio citado anteriormente), o Universo não está só se expandindo, mas está se expandindo aceleradamente.
Ainda não sabemos o que causa essa expansão, atualmente se acredita que a energia escura é a responsavel, embora ainda não saibamos exatamente o que é a energia escura, o curioso é que as descoberta da aceleração da inflação do universo “reabilitou” a constante cosmologica, que agora (como disse o Dulcidio, do excelente blog Física na Veia!
“Não com função de pisar no freio do Universo para reverter a tendência inflacionária, mas de apertar firme o pedal do seu acelerador aumentando a taxa de expansão.
Texto: Diego Lakatos
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terça-feira, 11 de outubro de 2011
Por que me tornei ateu?
Não há um ateu nesse enorme planeta que nunca tenha sido indagado pelo motivo de seu ateísmo. Dentre isso, o certo é que as respostas variam. O veredito é que, os motivos de uma pessoa, ou outra serem ateus, são distintos. Assim como são distintos seus cérebros, suas visões de mundo, suas filosofias, e os fatores de influência externa também diferem. Mas, antes de debater todas essas razões, que tal uma apresentação? Eu -Uriel Dias de Oliveira- estarei postando no blog somente textos sobre religião e ateísmo, além de uns que eu julgue adequado ao espaço, espero que gostem e, já começo explicando meu ateísmo e as dificuldades que enfrento devido a ele.
Aliás, concordemos que todos nós somos ateus por um motivo: Deus não existe! Claro, não temos certeza disso, aliás, já que não está provada sua existência, qual o problema de não acreditar, se assim quiser? É isso que nos diferencia, acredito eu, da maioria dos teístas é que não temos certeza que ele não existe, só preferimos, seja por lógica, ou pura crença, achar que ele não existe. E para mim, poderia até existir mas, se assim ocorresse, eu seria o belo de um Satanista! O ''Deus'' que se fala hoje é tão hipócrita e conservador que a crença em Satã seria a saída para muitos ateus.
Mas, como eu disse, vim tratar do meu ateísmo e o motivo do mesmo. Então, compreenda que eu cresci em uma família de cristãos! Fui educado como um, na igreja. Quando tive a chance, cai fora desse barco. Comecei, então, a duvidar da existência de Deus. Eu via tanta gente que se dizia ''tocada'' por ele, dizia que ele ''conversou'' consigo... Mas, e eu? Eu nunca ouvi nada, nada nunca aconteceu. Acredito que tenha sido aí que me tornei ateu. Mas, houve uma longa jornada de transição. Primeiramente, me tornei agnóstico. Mesmo com as dúvidas e tudo, acredito que eu tinha medo de me dizer ''ateu'', já que a mídia e a sociedade nos apedregulham dizendo que os crimes dos mais hediondos são cometidos por aqueles que ''não têm Deus no coração'' - Poupe-me disto! Logo, tentei manter um contato com esse ''Deus''. Aclamei por sinais, qualquer coisa. Mas, como já se disse: ''Não adianta aclamar para um Deus que não existe''. Decidi, enfim, parar de acreditar.
Uma das coisas que também me ajudou foi a internet. Nossa, acho que explodiria se não fosse ela. Minha família, acredito eu, não sabe que sou ateu, salve alguns poucos que confio para falar sobre visão teológica, poucos tem a mente aberta. Acho que, do jeito que minha família é religiosa, poderiam até ter um infarto quando souberem - Isso mesmo, souberem - do meu ateísmo. A maioria deles, criado na igreja, com dogmas e preconceitos. Meu avô mesmo já disse: ''O pior de todos é o ateu''. E, como ateísmo sem voz, não é ateísmo, é medo, contrariei o velho. A gente conversou um pouco, foi uma das experiências mais marcantes com um crente, pois ele desconhecia meu ateísmo, e por isso - só por isso - me levou mais a sério. Se tu tivesse falado antes que eu sou ateu, ele não escutaria metade do que eu falei. E para completar, recebi um elogio, dizendo o ''quão inteligente'' eu sou. Agora fica aí a pergunta, será mesmo que não há preconceito com ateus?
E, nessa indas e vindas nos fóruns sobre ateísmo, uma coisa me chamou atenção... Pessoas de todas as religiões de convertiam. E não era só para o ateísmo. Como aqui no Brasil, a maioria é cristã, a maioria de nós foi criado em lar cristão. Mas, aí acontece da pessoa ''descobrir'' sua nova religião, e traçar seu próprio caminho. Isso acontecia até dentro de lares seculares. Por exemplo, uma família ateísta criava seu filho. O mesmo, se tornaria cristão. Claro, em pouco número de vezes isso acontecia. Mas, acontecia. O que quero mostrar é que, uma pessoa não se torna ateu, assim como, também, não se torna crista, ou muçulmana, ou judia. Não se vira isso, se nasce assim. Se nasce com uma pré-disposição para a crença que será exercida no futuro. Por exemplo, eu, que nasci ateu, sempre fui ateu, desde o nascimento, só demorei para perceber isso.
Por: Uriel Dias de Oliveira
O mito da crucificação
Na tarde do último domingo morreu o historiólogo Arthur Vander Back de forma misteriosa. Há tempos vinha perseguindo uma importante pista sobre a existência ou não de uma das personalidades mais importantes de todos os tempos: Jesus Cristo.
Tudo começou quando recebeu pelo correio (que não estava em greve) vários cadernos envelhecidos. Após muitas pesquisas e datações das mais loucas, comprovou-se pelo método Diárius Envelhecidus que aqueles artefatos eram nada mais, nada menos que da época de Jesus Cristo. Com tal descoberta, foi caçado pelos capangas pedófilos do Papa e precisou se esconder durante várias semanas em porões de ateus que simpatizavam com sua causa. Criando forte burburinho, até memso entre os ateus que não gostavam da prova da existência de Jesus Cristo, conseguiu fugir para os alpes suíços, onde passou difíceis dias sendo criado por bodes e cabras.
Arthur levava sempre uma bolsa consigo, mas embora tivesse com a prova da existência divina em suas mãos, percebeu, após muitas leituras, que Jesus não fora homem mágico e milagroso, pelo contrário, fora um trabalhador da vida fácil.
Abandonando seu verdadeiro nome, Pedro Silva, escolheu Jesus Cristo por pura indução da cafetina sua mãe. Maria era dona de um importante bordel, até aquele momento não sabia direito quem era o pai de Jesus, mas tentava levar uma vida digna com o senhorio do estabelecimento, José.
De acordo com anotações encontradas nos diários, tudo escrito em aramaico romano no passado do presente, descobre-se que, apesar de ser um dos garotos mais requisitados da Casa de Maria, ou como era conhecida para driblar a justiça local, Santa Casa, Jesus era requisitado mais por sua disposição para realizar fetiches bizarros do que transas comuns.
Era sabido que a palavra Comer, do latim Ingerir, não era usado para refeições, mas para descrever o ato do coito entre criaturas do sexo oposto; querendo abrir horizonte para novas experiências, almejando sempre um aumento de clientela, Jesus criou o bordão que até hoje não sai da boca do povo, “Coma o corpo de cristo”, após tal frase, juntamente com sua inserção e divulgação nas mídias locais, tais como lombo de camelos, estrelas guias e outros bichos temáticos, Maria viu seu negócio expandir.
Todos só queriam comer o corpo de Cristo, sempre que o faziam, acabavam por finalizar com uma amostra brinde do jorro divino, seu esperma branco e reluzente, então o boca-a-boca foi profundo e logo percebiam que, uma vez que entravam em Cristo de maneira abrupta, causavam certa dor e por vezes sangramento, ficou sabido que aquele garoto de programa trazia uma refeição completa, era o corpo e o sangue de cristo, sendo o corpo realmente o corpo, e o sangue uma metáfora entre sangue e porra. Até hoje há quem procure pelo corpo e pelo sangue em seus templos especializados, mas não com a mesma intensidade dos tempos de outrora.
A Santa Casa tinha um ótimo bordão, “Comam o corpo e o sangue de Cristo”, não tinha como dar errado, até que em um ataque de estrelismo, Jesus decidiu que lançaria finalmente o logotipo da empresa. Sentou-se com José na mesa de reuniões e passaram semanas discutindo, quando finalmente teve a ideia. Seria o chamariz ideal, não haveriam mais concorrentes, uma cruz foi lapidada e Jesus a arrastou até o local escolhido, tinha que carregá-la nas costas porque fazia parte da tática de invadir o inconsciente alheio: Um pau batendo nas costas. Nada mais sugestivo.
Finalmente aconteceu a crucificação, o maior golpe publicitário de todos os tempos, Jesus, semi-nu, braços abertos, enquanto uma fila de devotos ganhavam uma amostra brinde, podendo bater para ele uma boa punheta, ou pagando um belo boquete, todos ajoelhados, lançando mais este símbolo para os anais: Ajoelhar-se.
Tudo isso fazia a seriedade dos serviços. Como todos sabemos, ele não morreu ali, estava vivo dias depois… Só distorceram um pouco a história.
Estou divulgando esta notícia porque antes de Arthur Vander Back ser assassinado pelo Vaticano, tais diários chegaram até mim, acho que a verdade sempre merece vir à tona, e humildemente dou minha contribuição à história.
Texto: Fabrício Alves
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011
domingo, 9 de outubro de 2011
O ateísmo e a moral
Uma das mais abundantes afrontas ao ateísmo tem sido a de que este é danoso para a sociedade. Não raro, na televisão, nas redes sociais e nas conversas entre amigos, a afirmação é levantada. Em alguns casos, atribui-se ao ateísmo todos os males da sociedade. Ignora-se habilmente a motivação religiosa de ataques terroristas, guerras e massacres e difunde-se o bordão “a falta de deus é a causa de todos os males”. Em outros, vemos o medo perante o aumento do número de ateus nas sociedades, ignorando-se, mais habilmente ainda, a pesquisa que afirma que quanto menor o nível de religiosidade de um país, maior o seu IDH.
Recentemente, li este texto, que afirma, em suas considerações finais, o seguinte:
As conseqüências do ateísmo são ainda mais prejudiciais à sociedade. Suprimindo as idéias de justiça e de responsabilidade, o ateísmo leva os Estados ao despotismo e à anarquia, e o direito é substituído pela força. Se os governantes não vêem acima de si um Senhor que lhes pedirá contas da sua administração, governarão a sociedade segundo os seus caprichos. Mais ainda, os homens, na realidade, não são todos iguais nas honras, nas riquezas, nas situações e nas dignidades. Ora, se não existe um Deus para recompensar um dia os mais deserdados da fortuna, que cumprem animosamente o seu dever e aceitam com resignação as provas da vida, porque não haveriam de se revoltar contra um mundo e uma sociedade injusta e reclamar para si, a todo custo, o seu quinhão de felicidade e prazer?
Meu objetivo não é discutir esse texto em especial, mas sim suas ideias, que são as mesmas berradas aos sete ventos por conservadores e fundamentalistas: a de que o ateu, já que não tem nenhum “ser superior o vigiando”, agirá como bem entender; a de que realizaremos carnificinas pelo dinheiro, a felicidade, o prazer.
Sim: nós, ateus, agimos como bem entendemos. Cremos que não há nenhum ser superior que reclame por nossos atos, pensamentos e sentimentos. Por que o livre-arbítrio, nesse caso, haveria de nos dirigir para o mal? Além disso, os religiosos contam com o mesmo livre-arbítrio, já que confiam no “perdão de deus”. Para todo pecador – seja qual for seu pecado: roubo, estupro, assassinato – que se arrepender, deus garantirá seu perdão. Isso justifica e explica muito bem os inúmeros crimes praticados por religiosos: guerras, casos de pedofilia na ICAR (e, recentemente, na IURD), casos de freiras estupradas, em 23 países, que têm sido habilmente ocultados pelo Vaticano, entre outros. Ora, acreditar no perdão incondicional e acreditar puramente no livre-arbítrio, em termos práticos, dá na mesma: cada um faz o que bem entende. Os ateus e agnósticos que agem de boa índole, realizam ações humanitárias e agem com respeito em suas relações não o fazem por temer a um ser imaginário – fazem porque o querem. Na minha opinião, essa é a virtude verdadeira: aquela que não espera o “reino dos céus”, o paraíso, anjos cantando e um lugar bem bonito após a morte; age puramente pela vontade de fazer o bem.
Ora, já que não somos “tementes a deus”, por que não esculhambamos o mundo de uma vez? Por que não roubamos, estupramos, entramos em depressão por não acreditar na vida eterna? A maioria dos ateus que conheço age ao contrário justamente por isso: acreditamos que esta seja a única oportunidade de deixarmos nossa marca no mundo. O que eu me pergunto é exatamente ao contrário: se você acredita na justiça divina, por que mudar as coisas na Terra? Aliás, se deus é onipotente, por que ajudar quem precisa? Ele certamente colocou os carentes lá por algum motivo. Por que tentar descobrir uma cura para o câncer, se deus tem o poder de remover essa doença para o mundo?
Certamente, religião – bem como sua ausência – não define caráter. Ações humanitárias devem ser realizadas independentemente da crença de cada um – e respeito, também. O ateísmo, a religião x ou y e seus fiéis não são a razão dos males de um mundo composto por diferenças religiosas, filosóficas, sexuais, intelectuais. A razão dos conflitos está, sim, na ignorância, a intolerância e o desrespeito às diferenças.
Por: Tarsila
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sábado, 8 de outubro de 2011
A escolha da razão como princípio norteador para a vida, ao alcançar o ápice da negação aos caminhos extremamente limitadores da religião, revela-se verdadeiramente fascinante. Neste processo as perspectivas e olhares lançados ao mundo, antes dominados por certezas sem sentido e presos a princípios absolutos de um ser divino, ganham novas significações, trazendo um sentido real para o ser.
Como que despertando de um longo sono com sonhos estranhos e vazios, a mente do religioso amedrontado pelo pecado, pelas punições e pressões perpetradas por sua própria fé, vislumbra um sentimento de perene liberdade. Tal momento é sempre marcado por um renovar de atitudes e reflexões únicas, capazes de apontarem caminhos promissores em busca da satisfação plena e realização pessoal.
De fato isto ocorre. Por experiência própria, tenho a dizer que somente ao dar às costas à fé da qual era cativo e oprimido fui capaz de situar minha condição existencial em um contexto real. Tão somente por não ser baseado em crenças inúteis, certezas que causavam isolamento e promessas inverossímeis, tal contexto vestiu-se de um tom de completude e auto-sustentação mediante à existência.
Após uma profunda vivência religiosa, marcada por uma infância com o juízo de valores baseado no terror dos conceitos de pecado e punições divinas, na vida adulta consegui romper com o encanto e ilusão da fé. Como católico e, posteriormente, como protestante, provei de todos os venenos, mentiras, falsas explicações, consolo contraditório, paz enganosa e, mais que tudo, com o sofrimento de uma submissão aos desígnios apontados como vontade de Deus.
Sinto-me aliviado sem o peso de Deus sobre minha consciência. Trazendo da memória as lembranças olho e tudo e me pergunto como me permiti a tamanha castração pessoal, obediência e auto-punição em nome da fé que, na busca de uma purificação de máculas que me foram inculcadas, era a representação da inocência e culpa, além de um desejo sincero de reparação. É exatamente isto que explora a fé. A falsa necessidade de redenção é um precipício onde vidas se esvaem por nada… onde minha própria vida por anos afinco escorreu ao ralo de sandices e inutilidades que só trouxeram prejuízos.
Se a razão me dá asas que me permitem voar sem medo da vida, medo de Deus ou do inferno, lamento dizer que ainda há muita dor a ser vivenciada, de modo que, não querendo ser pessimista, mas racional, ao cético está reservada uma parcela significativa de augúrios que carece de extrema e profunda reflexão.
Num mundo onde a crença irracional ainda impera, restam aos que escaparam da religião um cenário de perseguição constante criado por pessoas ainda cegas à fé. Não evidencio aqui as perseguições extremas, agressões físicas ou morais – ainda que elas existam, claro – , mas as sutis marcas do preconceito que pouco a pouco podem corroer pessoas brilhantes, destruindo-as ou castrando sua felicidade.
Costumam dizer que sou alguém pessimista quando traço reflexões sobre a vida, e isto parece ser a lógica de minha retórica, mas, insisto, trata-se de uma perspectiva realista e, considero eu, necessária aos que decidem seguir seu caminho em direção oposta à fé.
Existe dor na descrença. Não a dor de um suposto vazio que cristãos insinuam haver nos ateus ou agnósticos, mas os espaços cada vez mais distantes e cinzentos em relação às pessoas amadas que, imbuídas de suas máximas religiosas, causam isolamento e ferem os seres humanos.
Grandes amigos partiram e me viraram as costas quando deixei de ser católico e abracei o protestantismo. Familiares me ignoraram, me olharam com desprezo e me ofenderam com silêncio ou palavras, que nem sempre agressivas, carregavam em si uma nódoa amarga e viscosa. Era o prelúdio do que voltaria a ocorrer.
Hoje, abandonando definitivamente o cristianismo, vejo olhares atravessados de medo, angústia, repulsa e distância. Quando não visto como alguém diabólico, sou tido como um pobre coitado que se deixou perder de Deus nas filosofias humanas; perco o respeito de pessoas amadas e queridas não por ter feito algo que ferisse a ética e honestidade, mas por simplesmente ter deixado de crer nos mitos e mentiras cristãs que feriam minha inteligência e tolhiam minha liberdade de pensamento. Resta-me lamentar por tais pessoas e prosseguir, construir minha felicidade, ainda que eu gostasse elas estivessem ao meu lado para compartilhar as alegrias e mazelas da vida.
Muitas pessoas vivem tais dilemas. Há casos de casamentos destruídos, famílias divididas, empregos perdidos ou abandonados, amizades estremecidas ou destruídas, depressão. Nesta trama nefasta, infelizmente, há alguns que se permitem até ao ato desesperado do retorno à religião – ainda que falso – para não se verem sob a frieza de olhos punitivos e vítimas de um isolamento das pessoas que ama. Quem os culpa? Creio que somente os tais sabem dos preços de suas escolhas e da própria culpa por terem que se calarem ou ocultarem aquilo que de fato os move.
Há dor na descrença. Não como a dor autoinfringida da religião, que urge de dentro para fora, mas algo construído externamente em nome daquela mesma fé que o descrente acabara de deixar por saber que ela não lhe fazia bem à razão, aos sentimentos ou a ambos.
Que estas palavras possam servir como alento e caminho de reflexão para os que decidiram abandonar sua fé ou religião e veem-se sob as torturas e apelos de pessoas ainda presas a tais absurdos. Por mais difícil que seja conviver com este dilema, a vida ainda pode ser bela, pode ser intensa, compondo uma melodia que une este misto de liberdade aos lamentos do percurso. Mas isto é algo que dependerá de nós mesmos nesta sina existencial, onde a reflexão será o caminho para compreensão dos que nos odeiam porque não conseguem a plenitude pessoal sem um controlador nos céus, sem um espaço ilusório para preencher a fissura da ignorância há em seus corações.
O autor:
Edward de A. Campanário Neto é agnóstico, existencialista e grande admirador das artes como um todo. Formado em Pedagogia, especialista em educação e graduando em História. Após anos de fervorosa vivência cristã como católico e, posteriormente, como protestante, deixou definitivamente suas crenças religiosas num ato de liberdade em busca da razão, que considera um fundamento sólido para o crescimento individual e superação das mazelas sociais através de um humanismo existencial
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sexta-feira, 7 de outubro de 2011
E já que falamos em Raul:
A Lei
Raul Seixas
Todo homem tem direito
de pensar o que quiser
Todo homem tem direito
de amar a quem quiser
Todo homem tem direito
de viver como quiser
Todo homem tem direito
de morrer quando quiser
Direito de viver
viajar sem passaporte
Direito de pensar
de dizer e de escrever
Direito de viver pela sua própria lei
Direito de pensar de dizer e de escrever
Direito de amar,
Como e com quem ele quiser
A lei do forte
Essa é a nossa lei e a alegria do mundo
Faz o que tu queres ah de ser tudo da lei
Fazes isso e nenhum outro dirá não
Pois não existe Deus se nao o homem
Todo o homem tem o direito de viver a não ser pela sua própria lei
Da maneira que ele quer viver
De trabalhar como quiser e quando quiser
De brincar como quiser
Todo homem tem direito de descansar como quiser
De morrer como quiser
O homem tem direito de amar como ele quiser
De beber o que ele quiser
De viver aonde quiser
De mover-se pela face do planeta livremente sem passaportes
Porque o planeta é dele, o planeta é nosso.
O homem tem direito de pensar o que ele quiser, de escrever o que ele quiser.
De desenhar, de pintar, de cantar, de compor o que ele quiser
Todo homem tem o direito de vestir-se da maneira que ele quiser
O homem tem o direito de amar como ele quiser, tomai vossa sede de amor, como quiseres e com quem quiseres
Há de ser tudo da lei
O amor é a lei, mas amor sob vontade
Os escravos servirão
Viva a sociedade alternativa
Viva Viva
Direito de viver, viajar sem passaporte
Direito de pensar de dizer e de escrever
Direito de viver pela sua própria lei
Direito de pensar de dizer e de escrever
Direito de amar, como e com quem ele quiser
Todo homem tem direito
de pensar o que quiser
Todo homem tem direito
de amar a quem quiser
Todo homem tem direito
de viver como quiser
Todo homem tem direito
de morrer quando quiser
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