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terça-feira, 25 de outubro de 2011

FILME + LIVRO: FAHRENHEIT 451 – RAY BRADBURY (PARTE I)



Imaginem um mundo sem livros. Um mundo onde os seres humanos precisam apenas trabalhar e se divertir. Pois é, esta Distopia prenunciada em “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury não parece nada diferente daquilo que vivemos nos dias de hoje.

“Fahrenheit451” fala de um futuro desconhecido, onde ler se tornou crime, a mídia e o esporte são estimulados para que não exista tempo livre para reflexão e leitura, o pensar não é bem vindo. Homens e mulheres não refletem sobre a história, apenas guardam suas datas de acontecimentos, muitas, adulteradas, e são especialistas em números, em trabalhos imediatos, apertar botões e serem felizes. Para muitos, pode não parecer grande coisa, mas, nesta Distopia, o prazer é palavra de ordem. Fica até estranho ir contra este mundo, porque todos querem ser felizes, mas Ray Bradbury, com muita maestria consegue separar felicidade de realidade.
Em um mundo de prazer obrigatório, existe uma consequência, os seres humanos não pensam e não se lembram; o verdadeiro aprendizado só é possível através da reflexão e da busca pelo conhecimento que, inevitavelmente, só é possível através do registro de ideias e da história, guardados em livros. Decorar ou aprender a calcular quantias enormes não é nada, diante da capacidade de raciocinar, reter informações, fazer ligações, compreender, saber o mundo e conhecê-lo.
O que levaria o mundo à esta distopia? A humanidade se levou à isso, não existiu uma grande mente diabólica arquitetando um ataque. A humanidade se tornou preguiçosa e sem paciência para com as minorias. Quando um escritor, destes, que conhecemos tão bem, escrevia sobre o que acontecia, mesmo que em forma de ficção, eis que um grupo não gostava daquilo que lia. Então, negros se sentiam ofendidos pelos escritores brancos, brancos se sentiam incomodados pelas causas dos negros, homossexuais pelos héteros e vice-versa… Pensemos sobre nossas opiniões, sempre há um livro que não gostamos, que nos incomoda. Agora, imagine um mundo que não queira ninguém incomodado, logo, todos os livros são banidos. Mas há o problema da preguiça, em um mundo que pede que você seja feliz e se divirta, o pensamento crítico é desestimulado, ninguém tem mais tempo para pensar; ou estão trabalhando por trabalhar, ou estão se divertindo, ou estão trabalhando para se divertirem, até que, aos poucos, os livros são transformados em pequenos resumos, depois são transformados em filmes, programas de rádio, e o ser humano não precisa mais gastar seu tempo e inteligência diante do papel, a atenção começa a se dispersar, depois os programas são reduzidos para resumos… E os resumos de papel são transformados em verbetes em dicionários sobre livros. Para que qualquer um saiba que existiram tais obras, e aos poucos, para não se preocuparem mais com lembretes, verbetes e resumos, os livros são finalmente eliminados. Qualquer um que for visto com um livro em mãos será preso ou assassinado, os livros devem ser queimados. Gente que lê é gente que pensa, gente que pensa é gente que reflete, gente que reflete é gente inconformada, e ninguém quer gente infeliz zanzando por aí ou tentando mudar o mundo, mudanças são cansativas e só trazem infelicidade.
Que coisa linda. Então, aí está a maneira de acabar com a infelicidade. Qual a consequência? Seres humanos apáticos, sem sentimento, robotizados. Uma sociedade que não questiona seus superiores, fáceis de manipular; uma vida é tirada, ninguém se importa, contanto que a rotina não seja quebrada.
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Fabricio Martines Alves
www.eupensosozinho.com.br
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