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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Não sou humilde. Já vou dizendo para que nenhum leitor tente deduzir o que o texto não mostra (como sempre aparece). Mas vamos ao conceito do nosso querido Aurélio, o homem de todas as palavras, sobre o que é humildade: “Ausência completa de orgulho. Rebaixamento voluntário por um sentimento de fraqueza ou respeito: praticar a humildade.” Mas o conceito que acho mais interessante para o nosso texto de hoje é o que está na enciclopédia digital Wikipédia (aquela que os estudantes usam para fazer seus trabalhos escolares), confiram: “Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas.


A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa modéstia, cordialidade, respeito, simplicidade, honestidade e passividade.” O mais legal é ver que já tem leitores concordando com a acepção de que humildade é quase que um sinônimo de respeito. Não é. A Wikipédia (não desprestigiem essa fonte de “pesquisa”, porque ela é melhor do que a Barsa) diz que ser humilde é ser passivo. Não acredito que gostemos de ser passivos. Por exemplo: alguém emite uma opinião que você considere estúpida, e você diz o quanto é babaca a ideia exposta, e a pessoa que falou besteira se sente ofendido e o chama de prepotente, que não sabe respeitar. Mas para bancar o humilde, o que é o certo a fazer é não entrar em conflito e simplesmente se calar, ser passivo. Devemos ficar calado para não ferir o ego do outro, porque o outro é sensível demais para suportar uma opinião contrária à sua. Que tipo de mundo é esse?

Outro problema muito grave que as pessoas que não são humildes enfrentam é a ignorância da maioria. Dentro de uma conversa de amigos, se você puxa um assunto mais rebuscado, pronto você já está bancando o boçal-sabe-tudo que quer ser melhor do que todo mundo. Existe hoje uma sensibilidade muito aguçada nas pessoas, elas querem que tudo seja da forma como elas acham que deve ser, e o que se mostra adverso a essa vontade recebe sempre rótulos pejorativos. Diga para alguém que ela está errada e que o que ela está falando é besteira, você vai ver uma reação quase que violenta da pessoa “ofendida”. A regra agora é ser ignorante, ser legal hoje é ser burro. Quem mostra um pouquinho do que sabe é boçal. É uma ditadura. Ninguém pode falar nada, que é o prepotente egocêntrico que acha que saber tudo. As coisas funcionam assim: a pessoa que passa anos estudando, lendo, se dedicando para alcançar um desenvolvimento intelectual acima da média, tem que “descer” para ficar no nível de outra pessoa que não lê, não se aprofunda em nada para que essa segunda pessoa não se sinta ofendida com a inteligência alheia. Para que outro não seja ofendido temos que nos calar e só dizer o que ela quer ouvir, só falar as coisas de sempre e reproduzir uma opinião banal. Se você for do contrário, é prepotente e insuportável, uma pessoa intragável para se conviver. Claro que todo ponto de vista deve ser respeitado. Sou muito a favor do que o filósofo francês Voltaire disse: “Posso não concordar com nada do que dizes, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-lo”. Devemos ser tolerantes com opiniões distintas das nossas, o que não devemos ser é passivo e não contradizer e discordar com aquilo que não concordamos. Não devemos ser infantis e achar que um conflito de ideias é um conflito pessoal. Não devemos personalizar uma discussão. Onde duas ideias estão brigando, as pessoas não se metem.

Você, amigo leitor desse rapaz que acha que saber alguma coisa, não fique baixando a cabeça para ninguém, não fique calado diante de uma idiotice, discorde, discuta, entre em conflito (ideológico, que se esclareça, por favor). Não fique bancando o humilde, gentil, apenas para não machucar um ego sensível demais. Temos que aprender que não é sendo educadamente fingidos que vamos ser de fato humildes. Humildade não é se humilhar, não é baixar a cabeça. Não esqueça a frase machadiana: “Crê em ti, mas nem sempre duvides da capacidade dos outros”. Isso que é humildade, não desacreditar na pontecialidade dos outros.

Texto: Ricardo Silva
Veja mais: http://sociedaderacionalista.org

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