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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

JESUS & ELVIS – CAPÍTULO I: O MÁRTIR



As coisas estavam um tanto acaloradas em Marte. Lá dentro, onde ninguém poderia supor vida, Jesus andava de braços cruzados e indignado:

- Ainda não consigo crer no que me transformaram lá na Terra. Estive lá há anos e só agora vocês me avisam que virei um mártir! Isso não está certo… Não mesmo!

Elvis não era de prestar muito atenção nas palavras de Jesus; por diversas vezes entraram em discussões ideológicas e sempre acabavam nos jornais. Elvis, sempre educado, defendia o direito dos seres humanos levarem suas vidas privados de saber que não estavam sozinhos no Universo; Jesus, aquele traquina, era rebelde e queria porque queria invadir a Planeta Terra, não só para falar que estava vivo, mas para ocupar aquela área e fazer de todos seus escravos.

- Olha, não vou discutir por isso. Temos preocupações absurdas pra resolvermos e com certeza saber que você é um mártir não mudará em nada nossa vida aqui. Escute! Temos uma boa casa, a melhor coisa que nos aconteceu foi sermos abduzidos. Agora, este é nosso povo.

Jesus ainda mantinha uma certa careta no rosto, balançou a cabeça em negativa, tentou fingir que não se preocupava mais com Marte, até perceber o que tinha que fazer:

- Então temos que desfazer este engano, ao menos para não viverem de ilusão… Imagine quantas coisas eles fazem levando meu nome! Isso não está certo, não está mesmo…

- Jesus, somos de partidos diferentes: você governa Marte de Baixo e eu Marte de Cima, levamos séculos até nos considerarem Marcianos legítimos, muita gente precisou morrer. Lembra? Pois é, então esqueça os humanos, eles estão condenados mesmo. Lembra das estatísticas para aquele meteoro? Pois é, daqui alguns dias ele estará se chocando com a Terra e tudo virará pó… E se Deus quiser, até tua lembrança será apagada.

Elvis que andara malhando, recuperara há muito o físico de quando jovem famoso na Terra, tinha um aspecto de senhor maduro, bom partido; abandonara o topete e só mantinha seu requebrado para nunca se esquecer de quem fora. Era homem centrado, pensava antes de fazer. O que já não acontecia com Jesus.

Tudo começara quando Jesus, caído em sua cama de colchão de fungos vermelhos, recebeu uma correspondência cantada do grupo “No Ouvido”. Abriu as persiana, debruçou-se na janela. À sua frente, haviam 3 Marcianos baixos e gordos, um misto de chilenos com índios, cantando:

“Oh Querido Jesus… Louvemos teu nome, aqui és nosso Prefeito, mas na Terra já és mártir”

Não deu outra: bateu a janela na cara dos Marcianos e jogou-se pensativo na cama. Só depois de meia hora viu que devia ter esperado para escutar quem mandara tal mensagem. O que era aquilo? Lembrava tão pouco de sua vida insignificante na Terra que nem ao menos parara para pensar no que sua imagem tinha virado. Trouxe pequenas memórias à cabeça, via claramente a multidão indo embora e ele pregado naquela cruz horrível. Depois relembrou a sensação de estar morto, nenhum vestígio de inteligencia, ausência total de pensamentos até, finalmente, sentir o corpo sendo eletrocutado e se ver deitado dentro de uma caverna. Em sua frente, estavam dois homens grandes e vermelhos, ou melhor: extremamente corados. Soubera depois que eram marcianos. Aqueles marcianos o tiraram de lá e o levaram ao espaço.

Jesus voltou de seu flashback dentro do flashback e se viu ao lado de Elvis. Baixou a cabeça e resmungou:

- Fui morto, é isso! Antes da tecnologia alienígena me reviver, eu estava morto! Tenho que acabar com aquela palhaçada de mártir, tenho que voltar pra Terra antes que o meteoro a destrua.

Cont…

Fabricio Martines Alves
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