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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DE ANJO A DEMÔNIO: A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA IMAGEM DO DIABO



Este é um cara que você conhece de outros carnavais. Todo mundo tem uma imagem mental do Diabo. Seja ele como um homem que usa capa preta, um ser grotesco vermelho, mas a figura que predomina é do monstro vermelho com chifres de bode, que tem uma cauda grande e que usa um tridente. Quem nunca se assustou com uma imagem horripilante deste ser bizarro? Mas como essa imagem foi historicamente construída? É do conhecimento de todos que a atual imagem cristã do Satanás não é original, criada do nada, ou provinda exclusivamente da bíblia. Como todo o cristianismo, até o Diabo (coitado) foi fruto de uma série de uniões, de agregações de mitologias e culturas, para se chegar ao que hoje se tem.

Vamos conhecer a versão bíblica do Capeta.

Segundo a Bíblia, o Diabo era um anjo muito formoso, o mais inteligente e soberano das criaturas angélicas. Ele se rebelou contra Deus, que o expulsou do céu junto com um terço de anjos que eram adeptos das idéias de Lúcifer (esse é o nome de batismo do capeta). Ele caiu aqui na terra recém-criada por Deus e habitada por dois inocentes e desnudos seres, que caíram na sua lábia e permitiram a entrada do pecado no mundo, destruindo dessa forma a perfeita criação de Deus. Mas essa história quase todos conhecem. Dentro da mitologia bíblica, Satanás era um anjo e como tal, belo, inteligente, reluzente, e com poderes excepcionais. Como ele veio se tornar o monstro que ainda é pintado na mente de quase todos?

Tudo começa com o bode. Sim o bode.

Dentro do contexto simbólico na Europa antiga, o bode era o animal que representava a virilidade, o poder de procriação, a libido, a força vital. Esse animal era um dos preferidos dos deuses Pan e Dionísio. De Pan principalmente. E é aí que a transformação começa a ocorrer.

Pan é um deus da mitologia que conhecemos muito bem. Ele tem chifres e pernas de bode, vive nas florestas e atrás das ninfas. Podendo ser chamado também de Fauno. A figura deste deus foi muito relevante para que se configurasse a atual imagem do Diabo.

O bode que a princípio tinha simbolismo não-pejorativo tem a sua significação mudada pelo cristianismo medieval. Isso provindo da cultura religiosa judaica, que tinha dentro de suas festas uma que consistia no sumo sacerdote, autoridade religiosa máxima dentro do judaísmo, pegar um bode e “passar” para o animal todos os pecados do povo. Esse era o tal do bode expiatório. Depois disso, se jogava o animal no deserto para que ficasse a própria sorte.

Logo associou-se o bode ao pecado, e o seu mal cheiro teve uma associação com o mal. Na Idade Média suas características foram então associadas a figura do Demônio. Então a personificação do Demônio completou-se quando transformaram a imagem do deus grego Pan, na personificação do próprio Satanás.

Desde então, temos essa imagem, que talvez hoje já não seja mais tão forte assim. Mas que ainda perdura no imaginário de muita gente.
Por: Ricardo Silva
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